Mito: A Águia e a Serpente
- Escola Yoga Maya
- 24 de abr.
- 2 min de leitura
Por Profº Eduardo Ferreira.
O mito abaixo reflete a importância da condição de duas estruturas psíquicas, a alma e o ego, no rumo da expressão de sua autêntica natureza. Leia e reflita com atenção. A história revela a sabedoria interna que se abre após um longo processo de busca de verdades interiores que desdobram o potencial e impactam significativamente nossas vidas. Mitos nos falam de verdades profundas não percebidas pela consciência em vigília.


O Mito:
Ao olhar dentro do Si Mesmo ele nota estar dentro de uma estrela que em seu interior representa um enorme templo. Ele se encontra a frente de uma enorme escadaria. Sobe até chegar ao alto onde existe apenas um pequeno trono antigo e vazio. Um sentimento de amor arrebatador toma conta de si e ele se ajoelha ao trono vazio. A sua direita existe uma luminosidade sutil e feminina. A sua esquerda uma luminosidade escura, também sutil e masculina. Ambas começam a fundir-se com ele e enquanto a fusão ocorre o templo começa a sumir e um cosmos do lado de fora aparece tomando conta de tudo. Sua imagem de autorreferencia também some e então só existe aquele silencio cósmico.
A terra o chama de volta e então ele se depara com a imagem de uma águia branca ao alto de uma montanha em uma fenda de uma pedra sangrando por estar arrancando com o próprio bico suas penas. A águia sem alimento nem água precisa suportar a dor para que as novas penas possam nascer. O processo segue e ao final a águia tem suas penas renascidas prontas para voar. A águia voa para mais alto em direção ao céu sendo que seu corpo branco se expande e sutiliza na medida que ela vai subindo.
Sua percepção se desloca da águia e uma serpente aparece arrastando seu corpo na terra para trocar de pele. É também um processo de muita dor. A pele para renovar precisa do espaço livre da pele velha. O processo segue e acaba. A nova pele surge plenamente e a serpente passa a subir em uma macieira. A serpente sobe flutuando com leveza. Ao alto com a cabeça acima dos galhos mais altos ela percebe com seu olhar um vasto campo. Três maças flutuam em torno de sua cabeça em um movimento circular. Cada uma representa um conhecimento. O conhecimento de si mesma e de seu eu, da alma que fez a ponte com o divino da totalidade em si mesma e o próprio divino.
Ele abre o olho. Está de volta ao mundo externo. O amor ainda lhe toca. O trono vazio era Deus em si mesmo além das formas. A águia é sua alma renascida e liberta de seu ego, retornando aos céus. A serpente, seu ego, não se liberta, mas amadurece pelo conhecimento.
Percebam como o ego não pode se libertar plenamente. Esta não é sua natureza. Mas pelo sofrimento, amor e desenvolvimento da sabedoria interna obtida pelo autoconhecimento ele amadurece e percebe sua condição. Seu caminho é rumo a aceitação do mistério. A alma é nosso aspecto psíquico que se liberta. É o Purusha livre do apego a Prakriti como descrito no Samkhya Karika de Ishwara Krishna.
Boa jornada!
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